"3 coisas que descobri quando meu avião caiu" - Um vídeo que tem tudo a ver com o livro
 
10Jan

"3 coisas que descobri quando meu avião caiu" - Um vídeo que tem tudo a ver com o livro

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Claudio Herique

 
Este vídeo não é recente, foi divulgado em 2011, mas sua mensagem é muito atual e tem tudo a ver com alguns dos dilemas, resoluções e vitórias pessoais que eu conto no livro “Macho do Século XXI”. Por isso, resolvi compartilhar com vocês o vídeo e minhas humildes reflexões.

 

Ric Elias, estava no voo 1549 da US Airways, que fez um pouso de emergência no Rio Hudson, em Nova York, no dia 15 de janeiro de 2009, seis minutos após a decolagem. Enquanto ganhava altitude, o Airbus 320 atingiu um grupo de pássaros, o que resultou na perda imediata de potência das duas turbinas. Graças à perícia da tripulação, ele e os demais 154 passageiros sobreviveram ao acidente. Ele conta como esse episódio mudou sua forma de ver o mundo e faz observações muito interessantes sobre como podemos encarar a vida.

 

O link para o vídeo: http://www.youtube.com/watch?v=88qzTQuXgV4

 

Felizmente, não passei por uma experiência tão traumática como a de estar dentro de um avião que sofre uma pane no ar. Mesmo assim, gostaria de destacar pontos em comum com aqueles que eu narro no livro.

 

“Tudo pode mudar num minuto”

 

Às vezes estamos acomodados com determinadas situações e acreditamos que viveremos daquele jeito pelo resto da vida. De repente, algo acontece e tudo fica de cabeça para baixo. No meu caso, eu acreditava que jamais deixaria meu emprego, meus amigos, minha casa, minha cidade, meu país. Acabei indo parar em Cingapura, do outro lado do planeta. E somente depois de alguns dias percebi que minha vida nunca mais seria a mesma.

 

Eventualmente, o destino nos impõe mudanças radicais, é verdade. Mas a boa notícia é que quase sempre o poder de mudança está nas nossas mãos. Raramente, enxergamos isso com facilidade. No meu caso, demorou quase 40 anos de vida. Um tempão...

 

“Eu escolhi ser feliz”

 

Mesmo planejando minha mudança durante três meses, foi somente no dia que pisei em Cingapura que eu descobri uns “pequenos obstáculos” que não haviam passado pela minha cabeça inicialmente.

 

O primeiro deles: eu dependia do dinheiro da minha esposa até para comprar um sanduíche na esquina. Além disso, não podia mais ter uma conta individual no banco, apenas em conjunto. Para piorar, ela recebia pelo celular todas as movimentações bancárias que eu fazia.

 

No Brasil, eu tinha uma vida profissional e social super agitada, estava sempre em contato com pessoas interessantes, dos mais variados setores. De repente, as únicas duas pessoas com quem eu podia conversar eram minha empregada filipina e minha filha de quatro anos de idade.

 

Os amigos estavam longe agora. Somente os mais próximos, que eu contatava raramente via Skype e, ainda assim, a diferença do fuso horário atrapalhava um bocado. O jeito era fazer novos amigos, certo? Experimente fazer novos amigos dizendo que ao invés de trabalhar, você se ocupa dos filhos e da casa. Eu tentei. E posso garantir que entre os homens, isso não funciona.

 

Em resumo, tinha tudo para dar errado. E como voltar atrás não era uma opção, eu mal podia dividir isso com minha esposa. Ou com qualquer outra pessoa. Na verdade, eu estava tão preso às coisas que havia perdido, que não conseguia enxergar o que estava ganhando. Poder acompanhar de perto o crescimento e desenvolvimento da minha filha, por exemplo, não tem preço. Mas demorou para “cair a ficha”.

 

Passei um bom tempo sentindo pena de mim mesmo – aliás, quase todos os homens que eu conhecia tinham o mesmo sentimento. Até o dia no qual realizei que eu podia ser feliz ou infeliz. E a escolha estava nas minhas mãos, não dependia de mais ninguém.

 

“A única coisa que importa na minha vida, meu único objetivo, é ser um bom pai”

 

O Ric Elias disse que enquanto seu avião caía, uma da coisas que lhe veio à cabeça foi que ele não poderia mais ver seus filhos crescerem. Usando uma metáfora, o meu avião estava despencando também, mas ao contrário dele, eu estava infeliz mesmo estando o tempo todo ao lado da minha filha. Não que isso não me desse prazer, mas eu não tinha a dimensão, ainda, do quanto isso era importante para mim.

 

Quando tomamos a decisão conjunta de mudar do Brasil, eu e minha esposa definimos como ponto central fazer o que fosse melhor para nossa filha. Mas no início, fiquei mais preocupado com o que os outros iriam pensar de um homem que não trabalhava. Eu me sentia um “aposentado compulsório” e por vezes achava que estava fazendo algo menos importante.

 
Depois de uns bons meses, eu finalmente consegui “sair do armário” para mim mesmo e encarar as coisas da maneira mais positiva possível. Hoje, passados esses três anos, não tenho mais dúvida de que foi a melhor coisa que fiz para minha filha. E claro, para mim também.  


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