Assédio: não podemos ficar calados
 
02Nov

Assédio: não podemos ficar calados

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Claudio Herique

 

Na semana passada, falou-se muito sobre o assédio a uma das concorrentes do Programa Master Chefe Júnior, da TV Bandeirantes. Para quem não sabe o que aconteceu, a simples aparição da garota, de 12 anos de idade, foi suficiente para “provocar instintos masculinos” e começaram a pipocar comentários nas redes sociais. Um deles, por exemplo, dizia: “sobre essa Valentina, se tiver consenso, é pedofilia?”. Um imbecil desses deveria estar na cadeia. Mas no mundo machista em que vivemos, ele não somente está a solta como sente-se muito à vontade para compartilhar comentários “engraçadinhos”.  

 
Eu já queria ter escrito alguma coisa por aqui, mas confesso que não havia ainda encontrado um gancho. Até assistir a um vídeo protagonizado pela carioca Júlia Tolezano, que é a responsável pelo canal de Youtube “Jout, Jout, Prazer”. Vale a pena conhecer o trabalho da moça, que é um fenômeno nas redes sociais. Júlia trata sobre os mais variados assuntos do universo feminino, sempre com muito bom humor. Mas na última semana passada, ela falou de um assunto de extrema importância, que certamente deixou todo mundo mau humorado. E não era para menos.  
 
 
Em seu vídeo, que em apenas dois dias já tinha mais de 700 mil visualizações, Júlia descreve uma série de situações de assédio, tácitas ou explícitas, vividas pelas mulheres em seu cotidiano. Impossível não se indignar, como homem. Impossível não se revoltar, como ser humano. Impossível não sentir vergonha. É muito triste constatar que o assédio à menina da televisão, além de revelar o que existe de mais vil no comportamento masculino na sociedade, é apenas mais um exemplo das situações que acontecem no dia a dia de todas as meninas, adolescentes, mulheres, senhoras. O assédio mora em cada esquina, cada ônibus, cada escritório, cada casa.
 
O que nós, homens, estamos fazendo para mudar isso? Eu consigo entender as razões de uma mulher se calar quando sofre assédio. Consigo até compreender o porquê das outras mulheres ficarem quietas ao presenciarem uma situação de assédio dentro de um ônibus ou metrô, por exemplo. Mas nunca vou entender os motivos pelos quais os homens presenciam uma situação de assédio e não se mexem, não interferem, não tomam uma atitude. Podemos sim, agir. Todos nós, homens e mulheres. Como a própria Juliana sugere, temos que fazer um escândalo!
 
Além disso, podemos fazer mais. Precisamos falar abertamente disso com nossas crianças e, principalmente, nossos meninos. Se queremos mudar essa situação, é nosso dever educar nossos filhos e, claro, darmos bons exemplos. Se você quer que seu filho respeite uma mulher no futuro, é melhor ensiná-lo desde muito cedo, pois não irão faltar exemplos fora de casa para incentivá-lo a fazer o contrário.
 
Parabéns à Júlia pela clareza. Infelizmente, você não poderia ser mais didática e precisa. Como pai, talvez eu não soubesse o que dizer à Valentina. Como não saberia o que falar para a minha filha Luiza, que é um pouquinho mais nova do que ela. Mas sei que esse não é o mundo que eu quero para Júlias, Valentinas, Luizas. E acredito que podemos fazer muito para mudar isso.
 
Para assistir ao vídeo, clique no link: https://www.youtube.com/watch?v=0Maw7ibFhls&sns=fb. Vale a pena, e muito, assistir. E compartilhar. 


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