Para autor do livro "Macho do Século 21", equidade de gênero começa em casa
 
07Jun

Para autor do livro "Macho do Século 21", equidade de gênero começa em casa

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Claudio Herique

 

Para alcançar a igualdade entre homens e mulheres, é necessário refletir sobre a criação e as atitudes dentro de casa. Essa é a visão de Claudio Henrique Santos, escritor e palestrante. “Por exemplo, no almoço de domingo, as meninas vão para a cozinha ajudar as mães e os meninos vão jogar bola. Isso acaba reforçando sem querer esse conceito de que é mais legal ser menino. Temos obrigação, como pais e como mães, de encorajar nossas meninas e mostrar que o céu também pode ser o limite pra elas. Quando passamos essa confiança dentro de casa, começamos a extrapolar esses conceitos pra fora, e isso chega à empresa”, afirmou, durante participação no Webmulheres, evento online e exclusivo para sócios da Amcham, transmitido no dia 26 de maio.

Apesar das conquistas sociais e políticas dos últimos anos, as mulheres ainda enfrentam preconceitos no mercado de trabalho. O reflexo é notado pelas próprias organizações: em pesquisa da Amcham com 350 executivos, 76% reconheceram que as empresas não tratam homens e mulheres de forma igualitária. Mesmo representando 51% da população brasileira, a participação feminina nos cargos de alto escalão nas empresas brasileiras é de 14%, segundo dados da Ethos. 

Um dos pontos abordados por Santos foi a jornada dupla das mulheres. Líder empresarial por vários anos, o palestrante reconhece que nunca promoveu uma mulher enquanto era gestor. “Eu achava que as mulheres não eram tão comprometidas porque eu ficava trabalhando até mais tarde e as mulheres saíam no horário. Ninguém nunca me contou que elas precisavam sair porque precisavam fazer o segundo horário de trabalho em casa: botar o jantar na mesa, dar banho nos filhos, ver lição e uniforme”, explica. Ele ainda lembrou que, infelizmente, aquela não era a realidade dos homens: por isso, eles podiam ficar até tarde na empresa. Essa vivência é retratada com dados na pesquisa "Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça" divulgada em março deste ano e realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). O relatório aponta que as mulheres trabalham, em média, 7,5 horas a mais que os homens por semana devido às tarefas do lar. 

Para Santos, uma das perguntas mais importantes é como mudar essa cultura, ainda machista e opressora. O homem, nesse caso, tem um papel essencial para o empoderamento feminino, segundo o palestrante. “O principal papel do homem é se engajar: entender a importância da gente ter essa diversidade dentro das empresas e, mais do que isso, que as mulheres que estão do nosso lado. Elas já ganharam espaço na sociedade, mas a velocidade [desse processo] será ainda maior quando conseguirmos engajar os homens. E acho que já tem muito homem que está mais ligado nisso e querendo ajudar”, opina.
 

 


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