Fotógrafo premiado assina capa
 
07Jan

Fotógrafo premiado assina capa

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Claudio Herique

 

O dito popular ressalta que todo grande time de futebol começa por um grande goleiro. Seguindo o mesmo raciocínio, podemos dizer que um bom livro começa por uma bela capa. E nesse quesito, o “Macho do Século XXI” está muito bem servido. A capa do livro, criada por Viviane Santos, sob coordenação de Juliana Messias, ambas da Editora Claridade, exibe uma imagem feita por um dos principais nomes do fotojornalismo brasileiro de todos os tempos: Reginaldo Manente.

 

 

Paulistano do bairro da Moóca, nascido em 1934, Manente começou a fotografar aos 16 anos de idade como assistente de seu irmão, que na época trabalhava como fotógrafo do Palácio do Governo do Estado de São Paulo. Em 1952, estreou no jornal “O Esporte”, de onde saiu para a “Gazeta Esportiva”, em 1957. Dois anos depois, ingressava no Grupo O Estado de São Paulo, onde permaneceu por 29 anos. Ainda hoje na ativa, atualmente presta serviço para assessorias de imprensa de algumas das principais empresas brasileiras.

 

Uma boa parte dos últimos 60 anos da história do Brasil foram registrados pelas lentes do fotógrafo, recordista do Prêmio Esso, mais importante e cobiçada condecoração do jornalismo brasileiro. Além da famosa foto de 1982 -- do menino chorando na arquibancada do Estádio Sarriá, em Barcelona -- teve três outros trabalhos seus reconhecidos pela premiação.

 

 

Manente deixou sua marca registrada não somente no olhar diferenciado de suas lentes, mas também pelo espírito aventureiro e a inovador. Foi o primeiro fotógrafo a enviar uma telefoto dentro do território brasileiro, durante a inauguração de Brasília, em 1960. Também não teve medo de viajar pela ainda pouco explorada Amazônia, para registrar o primeiro contato dos irmãos Villas-Bôas com os índios daquela região, transmitindo suas fotos de uma maneira surpreendente: via radiofoto diretamente da floresta, algo inimaginável até então.

 

O ponto forte de Manente: encontrar o melhor momento para registrar pessoas, seus atos e expressões. Pelas suas lentes, passaram todo o tipo de gente, desde pessoas comuns nas ruas a políticos, empresários e celebridades dos mais variados ramos da sociedade, passando por Papas da Igreja Católica e até mesmo um Deus – Pelé. Entre as milhares de fotos tiradas do maior ídolo brasileiro, Manente teve a primazia de fazer o primeiro registro fotográfico do menino de Bauru em seu primeiro jogo como profissional e a última foto de Pelé como jogador do Santos, quando flagrou o atleta literalmente tirando as chuteiras em seu último jogo na Vila Belmiro, em outubro de 1974.

 

 

Melhor do que apreciar a qualidade incontestável de suas fotos, é sentar ao lado do fotógrafo e ouvir suas histórias. Tive o privilégio de passar por essa experiência algumas vezes e confesso que não me canso nunca. Sem contar que, por trás da sua cara sisuda, esconde-se um brincalhão de marca maior, quase criança mesmo, além de um homem de grande caráter e coração.

 

Manente, muito obrigado pela honra de contar com sua amizade e, principalmente, com uma foto sua na capa do meu livro.


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