Os papéis da família e da escola na educação
 
04Jun

Os papéis da família e da escola na educação

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Claudio Herique

 

 

A falta de tempo dos adultos, seja pelo excesso de trabalho ou pelos longos deslocamentos no trânsito e no transporte coletivo das grandes cidades, está provocando um fenômeno extremamente prejudicial à formação das crianças, que é a "terceirização" da educação dos filhos para as escolas. As pessoas estão se esquecendo que educar dá trabalho e que esta é uma tarefa que deve ser executada pela família e não pela escola.
 
Ouço cada vez mais, principalmente pessoas da classe média, dizerem a seguinte frase: “Eu me mato para pagar uma boa escola, tenho o direito de exigir que ela eduque meu filho corretamente”. Aí me pergunto: será que essas pessoas não sabem que educar uma criança é uma tarefa que exige não somente tempo, como paciência, disciplina e aplicação? Sem contar o verdadeiro trabalho em equipe e a divisão de tarefas entre pais e mães.
 
Criar um filho faz a gente abrir mão de um determinado estilo de vida. Acabam os longos encontros com os amigos, as saídas até tarde no final de semana. Você nunca mais vai dormir até o meio-dia ou ler o jornal de domingo durante duas horas com um copo de cerveja na mão. Um cineminha ou um concerto de música? Até pode rolar, mas muito provavelmente vai ser o novo desenho animado da Disney ou o show do Justin Bieber (meu Deus!). É assim. Muito prazeroso, recompensador, mas exige comprometimento e paciência. Do contrário, tem tudo para dar errado.
 
Sei que estou mencionando o óbvio, por isso, gostaria de fazer uma reflexão. A formação dos filhos começa em casa. Além de dar a eles todo o amor e carinho, você deve ensinar a eles primeiramente valores, como caráter, honestidade, respeito ao próximo. Isso já não é pouca coisa, mas é só o começo para a formação de um ser humano de qualidade. À medida que eles vão crescendo, precisam ser orientados sobre religião, cidadania, preservação do meio ambiente, sexo, educação no trânsito, consumo de drogas. E a lista vai crescendo.
 
E qual o papel da escola? Lógico que ela também deve ensinar tudo isso e o faz, na medida do possível. Mas quando seu filho senta num banco escolar, ele o faz primeiramente para aprender português, matemática, história, geografia, biologia, enfim, adquirir todo o conhecimento necessário para sua formação global. Esse sempre foi, e continuará sendo, o principal papel da escola.
 
Acredito que muitas escolas e professores fazem também muito bem o papel de educadores. Entretanto, como é que nossas crianças vão assimilar todo o currículo escolar e ainda os valores e os aprendizados essenciais para a vida que mencionei anteriormente, em apenas quatro ou cinco horas dentro da escola? Ninguém em sã consciência pode exigir isso, nem mesmo pagando uma pequena fortuna mensal.  
 
É preciso diferenciar educação de escolarização. Não cabe à escola saber que música seu filho está ouvindo, o que ele está assistindo na televisão, qual o conteúdo que ele está acessando na internet, que tipo de mensagem ele troca com os colegas pelas redes sociais. Também não é ela quem irá acompanhar o comportamento social do seu filho. Ou saber seus sentimentos, suas necessidades como indivíduo. E não se esqueça que, por melhor que sejam os professores, eles são responsáveis por 35, 40, às vezes 50 alunos.   
 
Hoje, com todo o avanço tecnológico, o mundo evolui de forma extremamente veloz. Com isso, os desafios e perigos se multiplicam também. A escola acompanha uma parcela dessas mudanças, mas nunca vai substituir a presença de um pai e de uma mãe, nem mesmo chegar perto disso.
 
Uma criança precisa de todo o suporte afetivo e psicológico, mas isso não é tudo. Os filhos necessitam de exemplos dentro de casa, de acompanhamento, de alguém que vai estar ao lado deles o tempo todo, compartilhando as conquistas e apoiando nos momentos mais difíceis. Será que você está dedicando tudo o que pode na educação do seu filho? Pense bastante nisso antes de fazer suas reclamações na próxima reunião escolar. Se você tiver tempo de participar dela, é claro.  


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